A construção do Cristo Redentor na década de 1930 — Foto: Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro

Ainda que a ideia de colocar uma estátua colossal no alto do Corcovado datasse de meados de 1850, o processo de construção do monumento que se tornaria o Cristo Redentor começou apenas em 1926, substituindo o mais humilde – e menos espiritual – Chapéu de Sol, onde os cariocas do começo do século XX iam para apreciar uma panorâmica do Rio de Janeiro.

A campanha de arrecadação para a obra começou em 1923, com participação do cardeal Dom Sebastião Leme – o segundo cardeal brasileiro, que foi nomeado pelo Papa Pio XI, em Roma. A construção da estátua, feita de concreto armada e coberta por pedra sabão, durou cinco anos, sendo concluída e entregue em outubro de 1931. Fotos que integram um novo acervo digital apresentado pelo Google Arts & Culture nesta terça-feira, 19 de novembro, na ocasião da reunião do G20 na cidade, mostram a escala do esforço empreendido na aventura.

Vista aérea mostra o campo de obras do monumento — Foto: Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro

As imagens fazem parte da coleção de filmes Paschoal Nardone, que abrangem as décadas de 1920 a 1940 e registram o desenvolvimento urbano da cidade, a evolução cultural e a vida cotidiana. A empresa estadunidense trabalhou em conjunto com o Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro e a Universidade Federal Fluminense no processo de digitalização, que resulta em uma nova exposição virtual com mais de 500 imagens e 124 filmes.

Trata-se de registros que teriam dificuldade de encontrar o público, e poderiam até mesmo desaparecer, devido à fragilidade do meio em que estão registradas há pelo menos 60 anos. Os cerca de 2 mil metros de rolo empregados no resgate sofreram a chamada Síndrome do Vinagre ou Síndrome do Ácido Acético, que afeta filmes fotográficos e causa a sua deterioração com o passar do tempo.

Construção do Cristo Redentor — Foto: Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro

O intuito, segundo comunicação do Google, é que pesquisadores possam “realizar estudos sobre como a cidade progrediu e sua influência para a sociedade brasileira em diversos aspectos, incluindo o cultural”. Além do Cristo, outras histórias englobadas pela coleção incluem o desmonte do Morro do Castelo, que deu lugar à Esplanada do Castelo, um centro de poder na época que a cidade era a capital do país, além da evolução do Carnaval.

Outro destaque é este filme de um minuto e meio mostrando a orla de Copacabana no fim dos anos 1930. O Copacabana Palace e a Avenida Atlântica, naturalmente, existem e estão inteiros até hoje, mas o mesmo não pode ser falado do Morro do Inhangá, demolido parcialmente para a construção da psicina do hotel.

Andaimes começam a ser retirados pouco antes da inauguração — Foto: Reprodução / Google Arts & Culture

“Para imaginar o futuro, uma cidade precisa olhar para o seu passado. Essa parceria deixa evidente a importância de se preservar a memória. São registros que poderiam ter se perdido e que agora, graças à tecnologia, estão resguardados e disponíveis gratuitamente para todos. É um pedaço da história do Rio revitalizado e eternizado. Seu valor é inestimável”, disse em nota à imprensa Eduardo Paes, prefeito do Rio de Janeiro.

GQ

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