Drex é diferente de Pix
Drex — Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

Ainda em fase de testes, mas já acompanhado pelo mercado financeiro, o Drex, que será mais do que a moeda digital brasileira, com lançamento previsto entre este e o próximo ano, traz à tona discussões sobre suas diferenças em relação ao Pix, sistema de pagamento que já se consolidou no cotidiano dos brasileiros. Embora ambos sejam iniciativas do Banco Central do Brasil, suas finalidades e funcionalidades são distintas.

Pix é uma inovação de transferência instantânea entre contas bancárias, que foi pensada para viabilizar a democratização do acesso a pagamentos. Desde a sua chegada, conseguiu integrar 71 milhões de brasileiros ao sistema financeiro digital pela primeira vez. Por outro lado, o Drex não será limitado a um meio de pagamento; ele vai representar uma plataforma que visa democratizar o acesso a todo o sistema financeiro. Este inclui investimentos, crédito e seguros.

Inovações do Drex

Uma das principais inovações do Drex é a sua capacidade programável. Enquanto o Pix permite transferências rápidas e diretas, o Drex possibilita a automação de contratos financeiros por meio de contratos inteligentes. Isso significa que transações mais complexas, como a compra de imóveis ou veículos, poderão ser realizadas com condições específicas previamente estabelecidas. Além disso, o Drex poderá facilitar o acesso a investimentos seguros com apenas alguns cliques, de forma que nós, usuários brasileiros, já nos habituamos.

Outros aspectos importantes a serem considerados são a privacidade e o monitoramento das transações. Projetaram o Drex para operar em um ambiente controlado com rastreabilidade total. Isso levanta questões sobre como equilibrar essa transparência com a privacidade dos usuários. Neste caso, o desafio está em assegurar que as informações pessoais não sejam comprometidas, ao passo que se mantém a supervisão necessária pelo Banco Central. Esse embate entre programabilidade e privacidade é um dos fatores que ainda não proporcionaram a disponibilidade do real digital já no ano passado.

Moedas digitais em outros países

A ideia de uma moeda digital não é exclusiva do nosso sistema financeiro. Outros países têm buscado soluções diferentes para suas moedas digitais. Se na Coreia do Sul e em Singapura há um foco na interoperabilidade entre sistemas distintos, o Brasil está investindo em uma arquitetura centralizada com o Drex. Este modelo utiliza um registro de transações econômicas único para registrar ativos. Sendo assim, simplifica as operações financeiras e reduz a complexidade de integração.

Continuar a otimização do acesso financeiro é um dos grandes propósitos do Drex. A expectativa é que ele estenda serviços monetários antes restritos a uma pequena parcela da população para um público mais amplo. Por exemplo: a possibilidade de adquirir R$ 50,00 em títulos públicos por meio de uma interface simples pode transformar a maneira como os brasileiros interagem com investimentos e crédito. No fim do dia, o sucesso do Pix serve como um indicativo positivo para a adesão do Drex. Contudo, é crucial que essa transição ocorra de modo gradual e sustentável.

Atualmente, o projeto do Drex está dividido em fases. A primeira foca em testes técnicos para resolver os desafios relacionados à interoperabilidade e privacidade. Após essa etapa inicial, haverá uma expansão para testes de casos de uso reais antes da implementação completa ao público geral. A visão de longo prazo inclui o uso de ambiente controlado. Assim, poderá garantir que os serviços financeiros oferecidos sejam não apenas inovadores, mas também acessíveis e seguros para todos.

Época Negócios

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