Divulgaram as primeiras fotos do papa Francisco no caixão nesta terça-feira — Foto: Associated Press

Em um caixão simples de madeira com forro vermelho, o corpo do Papa Francisco repousa, vestido em uma casula (veste solene usada por presbíteros e bispos) também da cor vermelha.

Nesta quarta, 23 de abril, levarão seu corpo da Casa Santa Marta até a Basílica de São Pedro, no Vaticano, onde os fiéis poderão prestar as últimas homenagens.

História

A cor vermelha, presente nos ritos fúnebres do papa, não é casual: a usam tradicionalmente nos funerais dos pontífices. Um dos primeiros papas cujo funeral tem registros a cores, Pio XII, foi envolto no ano de 1958 em uma cânula vermelha sobre um esquife carmesim (um tom de vermelho forte). Isso ocorreu em Castel Gandolfo, a propriedade papal nos arredores de Roma, onde morreu.

Dois anos antes, em 1956, exumaram o corpo de Pio IX (1792-1878). Foi possível constatar também as vestes vermelhas com detalhes em dourado, assim como o forro vermelho do caixão.

Registros históricos indicam que a tradição remonta há séculos.

“Um antigo costume bizantino, o vermelho é a cor do luto pelos Papas falecidos”, afirma o estudioso John Paul Sonnen. “De fato, a origem das vestes vermelhas para as exéquias papais muito provavelmente deriva de antigas práticas funerárias do [Império Romano do] Oriente. Usavam o vermelho habitualmente em funerais, um uso histórico e pragmático preservado na Roma papal. Também associam o vermelho aos Apóstolos e à Festa dos Beatos Apóstolos Pedro e Paulo. O Romano Pontífice é o primeiro entre os apóstolos”, explica.

Na Igreja Católica, segundo o vaticanista brasileiro Filipe Domingues, a cor também está ligada aos cardeais: “A veste formal dos cardeais também é vermelha. Simboliza a disponibilidade a dar a vida pela igreja”.

“O Papa está vestido com uma veste litúrgica, e isso é tradição, parte do ritual. Francisco está vestido ali como se ele fosse para uma celebração, com uma casula vermelha, porque ele é um sucessor do apóstolo Pedro. Velam os papas de vermelho, a cor dos mártires, que remete ao martírio”, conforme Domingues.

Tradição

Na Igreja Católica, com o tempo, o vermelho passou a remeter ao sangue derramado pelos mártires cristãos. Se considera São Pedro ele próprio um mártir: ao pregar em Roma, o perseguiram por suas convicções religiosas e o mataram a mando do Imperador Nero. O crucificaram de cabeça para baixo.

Consideram Pedro como o primeiro bispo de Roma — e, dessa forma, o primeiro papa.

A mesma simbologia se aplica às vestes vermelhas usadas pelos sacerdotes ao celebrar missas. No Ano Litúrgico, a usam “no Domingo da Paixão e de Ramos, na Sexta-Feira da Paixão, no Domingo de Pentecostes e na celebração dos mártires, apóstolos e evangelistas”, conforme o site da CNBB (Confederação Nacional dos Bispos do Brasil). “Simboliza o fogo purificador, o sangue e o martírio.”

Ao longo do Ano Litúrgico, usam outras cores nas celebrações, como o roxo. O usam na maior parte da Quaresma, em finados e nas exéquias (funerais) comuns. É a cor usada então em momentos de tristeza e penitência.

Já o branco é usado em celebrações alegres, como o Natal, que comemora o nascimento de Jesus Cristo. Nas missas do chamado Tempo Comum, sem celebração específica, o sacerdote usa a cor verde. Em situações específicas, mas em desuso, segundo a CNBB, vestes pretas e rosa também podem ser usadas.

Morte de Francisco

Jorge Mario Bergoglio, o papa Francisco, morreu aos 88 anos às 2h35 pelo horário de Brasília, 7h35 pelo horário local, desta segunda-feira, 21 de abril. As informações foram confirmadas pelo Vaticano. O pontífice ocupou o cargo máximo da Igreja Católica por 12 anos.

As causas da morte foram um acidente vascular cerebral (AVC) seguido de insuficiência cardíaca, conforme informou o Vaticano.

Nascido em 17 de dezembro de 1936 em Buenos Aires, na Argentina, Francisco foi o primeiro papa latino-americano da história. Ele também foi o primeiro pontífice da era moderna a assumir o papado após a renúncia do seu antecessor e, ainda, o primeiro jesuíta no posto.

À frente da Igreja Católica por quase 12 anos, Francisco foi o papa número 266. Em 13 de março de 2013, durante o segundo dia do conclave para eleger o substituto de Bento XVI, Bergoglio foi escolhido como o novo líder. Isso aconteceu inclusive contra a sua própria vontade, segundo ele mesmo admitiu.

G1

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