Papa Francisco, morto aos 88 anos nesta segunda-feira, 21 de abril, durante visita ao Cazaquistão — Foto: Wikimedia Commons

Não existe, nas doutrinas da Igreja Católica, nenhuma regra que exija que o novo Papa mude seu nome. O costume começou em 533, quando o homem chamado Mercúrio assumiu o cargo e, por esse ser o nome de uma divindade pagã, ele decidiu adotar um nome papal — João II, em homenagem a um de seus antecessores. Foi o primeiro Papa a não governar com seu nome batismal.

Após João II, por quatro séculos, os papas voltaram a usar seus nomes próprios para governar. Em 983, elegeram Pietro Canepanova papa e, não querendo desrespeitar São Pedro (o primeiro Papa) por compartilhar o mesmo nome, decidiu adotar o nome de Papa João XIV. Seu sucessor, que se chamava Giovanni, resolveu também ser ele mesmo um João, e adotou para si Papa João XV. E, assim, o costume pegou de vez.

Adoção de nome

Em geral, os papas adotam nomes diferentes do nome de batismo quando seu nome não soa romano (embora isso não seja regra). A preferência é por nomes papais que repitam nomenclaturas anteriores. Mas não é só uma questão de homenagem: escolher um nome é a primeira ação tomada por um novo papa e sua escolha pode indicar um alinhamento ideológico, sinalizando aos fiéis o perfil do novo líder.

Por exemplo, escolher Leão seria prestar homenagem ao Papa Leão XIII, do final do século 19, que falava muito sobre questões de justiça social. Um novo Papa Leão seria, portanto, um papa mais alinhado a essas questões e ao trabalho com os necessitados.

Já o nome Pio seria mais polêmico. Pio X (1903-1914) foi conhecido por sua luta contra o modernismo dentro da Igreja e promoveu a comunhão frequente. Já Pio XII (1939-1958) foi o “Papa de Hitler”, criticado por seu silêncio em relação ao Holocausto. A escolha pelo nome Pio, portanto, poderia indicar uma volta a um tradicionalismo mais rígido.

Quando Albino Luciani foi eleito, em 1978, ele adotou o primeiro nome duplo na história papal, João Paulo I, para mostrar que queria combinar as reformas de João XXIII com a posição mais tradicional de seu predecessor imediato, Paulo VI (1963-1978). Mas ele morreu 33 dias depois de assumir, então seu sucessor, o cardeal polonês Karol Wojtyla, adotou o nome João Paulo II em sua homenagem.

Francisco

O Papa Francisco (nome real: Jorge Mario Bergoglio) foi o primeiro a escolher esse nome, como homenagem a São Francisco de Assis, criador da ordem dos Franciscanos, que são muito respeitosos aos votos de pobreza e são conhecidos pelo trabalho missionário e de auxílio aos pobres. “Eu quero uma igreja que seja pobre e para os pobres”, disse, ao assumir o cargo.

O nome de um novo papa costuma ser colocado a jogo em casas de apostas. Em 2013, a maioria dos apostadores acreditava que o recém-eleito Jorge Mario assumiria o nome papal de Leão.

Galileu

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