
Já se passou mais de um século desde que o Titanic naufragou no Oceano Atlântico, levando consigo mais de 1.500 vidas entre passageiros e tripulantes. Mas, mesmo depois de tanto tempo, novos estudos seguem surgindo para investigar os mistérios por trás da colisão com o fatídico iceberg.
Uma das iniciativas mais recentes foi conduzida por especialistas da National Geographic e da Atlantic Productions, que digitalizaram uma versão em tamanho real do navio. A varredura detalhada em 3D fornece uma visão minuto a minuto da tragédia e expõe o nível de violência dos acontecimentos.
O material inédito fez parte da produção do documentário Titanic: The Digital Resurrection (“Titanic: renascimento digital”, em tradução literal para o português). Sua estreia está prevista para ocorrer nesta sexta-feira, 11 de abril, no Disney+.
Iluminado até o seu fim
Localizados a 3.800 metros de profundidade nas águas geladas do Atlântico, os restos do Titanic foram mapeados pela pesquisa a partir de robôs subaquáticos com câmeras acopladas. Ao todo, mais 700 mil imagens foram capturas de diferentes ângulos para criar um “gêmeo digital” da embarcação.
Como o naufrágio é muito grande e fica em uma região de pouquíssima iluminação, explorá-lo com submersíveis só permite instantâneos da embarcação. Além disso, apresenta diversos riscos associados – basta lembrar a história dos milionários da OceanGate de 2023. A varredura, no entanto, fornece uma visão completa de sua estrutura.
Foi assim que os especialistas descobriram que, debaixo da água, a imensa proa do Titanic segue de pé no fundo do mar. Parecendo quase como se o Titanic continuasse sua viagem. Pelo menos, até chegar a sua popa, que, hoje, parece apenas restos de metal.
O Titanic
Nessa região, os pesquisadores voltaram sua atenção para uma das enormes salas de caldeiras. A visualização foi facilitada por se encontrar na parte traseira da proa, justamente no ponto de quebra do casco. A réplica digital mostra que algumas das caldeiras são côncavas. Isto sugere que ainda operavam quando foram mergulharam na água.
Da mesma forma, no convés da popa, descobriram uma válvula em posição aberta. Isso indica que o vapor ainda estava fluindo para o sistema de geração de eletricidade. Esse fato teria ocorrido graças a uma equipe de engenheiros que ficou responsável por despejar carvão nas fornalhas para manter as luzes acesas.
Os achados confirmam aquilo que os passageiros sobreviventes tinham relatado sobre a noite do acidente: as luzes do Titanic se mantiveram ligadas até o limite do navio. “Os funcionários fizeram isso para dar tempo à tripulação de lançar os botes salva-vidas com segurança no mar”, explica Parks Stephenson, um dos responsáveis pelo projeto mais recente, à BBC News.
Revisão do naufrágio

Por meio das plantas do Titanic, bem como algumas informações sobre sua velocidade, direção e posição nos momentos anteriores ao encontro com o iceberg, os especialistas também criaram uma simulação do acidente. Para tanto, usaram algoritmos numéricos avançados, modelagem computacional e recursos de supercomputação.
A simulação mostra que, quando o navio fez apenas um golpe superficial contra o iceberg, ele ficou com uma série de furos alinhados ao longo de uma seção estreita do casco. Projetado para permanecer flutuando mesmo se quatro de seus compartimentos estanques inundassem, o estudo demonstra que os danos do iceberg se distribuíram em seis compartimentos, dois a mais do que os suportados.
“Basicamente, a diferença entre o naufrágio e o não naufrágio do Titanic se deve às finas margens de furos do tamanho de um pedaço de papel A4”, afirma o colaborador do estudo Simon Benson, à BBC. “O grande problema foi que esses pequenos buracos estavam espalhados por uma grande extensão do navio. Então, a água da enchente entrou lenta, mas em todos eles”.
Mesmo com os novos dados, os investigadores estimam que levarão anos até que analisem a digitalização por completo. Os danos na parte inferior da proa, por exemplo, encontram-se escondidos sob o sedimento do fundo marinho. Isso exige um cuidado maior no estudo da varredura.
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