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Quem vê Israel e Irã trocando ataques em uma guerra com alto potencial destrutivo pode não imaginar, mas os dois países já foram aliados próximos. E não faz tanto tempo assim. O Irã apoiou a criação de Israel em 1948 e foi um dos primeiros países a reconhecer sua existência. Isso aconteceu na direção contrária de seus vizinhos no Oriente Médio. A partir de 1968, Irã e Israel foram parceiros comerciais, exportando petróleo pelo oleoduto de Eilat Ashkelon. Além disso, em 1977, assinaram até um acordo de colaboração militar.

Para saber como essa aliança surgiu e de que forma se transformou em rivalidade pautada pelo ódio, é preciso, antes, olhar um pouco para a história desses países. É essencial também examinar a relação deles com o Ocidente.

Israel e Irã em guerra
O xá iraniano Mohammad Reza Pahlavi e Ben Gurion, primeiro chefe de governo de Israel — Foto: Reprodução

Pensadores judeus defendiam há séculos a criação de um país para o povo de Abraão, disperso pelo mundo e alvo constante de perseguição religiosa. Mas foi apenas em 1895 que o jornalista austro-húngaro Theodore Herzl publicou o livro “O Estado Judeu”, dando origem ao Primeiro Congresso Sionista em 1897. A partir dessa mobilização, escolheram a Palestina para abrigar o lar sonhado dos israelitas. Sob o argumento de que a região tinha sido habitada pelos judeus na Antiguidade.

A escolha levou muitos seguidores da Torá a migrar para a Palestina, que na época era uma província do Império Turco-Otomano. Esse movimento se intensificou com o fim da Primeira Guerra Mundial, quando a região passou para o controle do Reino Unido. O governo britânico emitira, em 1917, a Declaração Balfour, apoiando oficialmente o estabelecimento de um país judeu na Palestina. Assim, o Reino Unido se tornou a primeira grande potência a endossar a reivindicação sionista.

Chave da antiga amizade

O amparo britânico é chave para se entender a antiga amizade entre Israel e Irã. O Reino Unido também exerceu grande influência sobre o estado de maioria muçulmana. O Irã ganhou relevância global a partir da descoberta de petróleo, quando o país ainda se chamava Pérsia. No início do século XX, a dinastia Kajar, que governava desde 1795, entregou o controle da exploração do seu “ouro negro” para os ingleses. Em 1907, os ingleses fundaram a Companhia Petrolífera Anglo-Persa.

Nesse meio tempo, em 1925, derrubaram a dinastia Kajar, ascendendo ao poder o Reza Xá Pahlavi. Em busca de “modernizar” o estado, ele abriu ainda mais o país ao Reino Unido. Foi Pahlavi quem emitiu a mensagem para a comunidade global. Ele disse que o país deveria se chamar de Irã, e não mais de Pérsia.

II Grande Guerra

Na Segunda Guerra Mundial, Reza Xá abdicou em nome de seu filho, Mohammad Reza Pahlavi, uma espécie de fantoche britânico. Após o conflito, com a criação de Israel, o Irã prontamente reconheceu sua legitimidade. Sendo assim, eles queriam ficar bem aos olhos do Ocidente. Por outro lado, a relação entre as duas nações foi uma carta usada por David Ben-Gurion, o primeiro chefe de governo de Israel. Ele tentou reduzir a inquietação dos países árabes contrários à fundação do estado judeu.

Em 1953, o Xá reafirmou sua lealdade ao Ocidente. Isso ocorreu quando, em meio a distúrbios sociais fomentados pelos governos americano e inglês, ele destituiu e mandou prender o primeiro-ministro Mohammed Mossadegh. Mossadegh foi uma figura histórica que ousara nacionalizar a produção de petróleo no país persa.

Em 1948, após o estabelecimento de Israel pelas Nações Unidas, países como Líbano, Egito e Arábia Saudita travaram guerras com o novo país. Estes países sempre se opuseram a um estado judeu na Palestina. Estima-se que, naquele ano, mais de 700 mil pessoas foram expulsas de suas terras ou obrigadas a fugir. Grande parte dessa população buscou abrigo em campos de refugiados na Faixa de Gaza, na Cisjordânia e no Líbano. Depois, foram impedidas de retornar a suas casas.

O Irã não participou de nenhum desses conflitos. Na verdade, depois da Guerra dos Seis Dias, em 1967, Irã e Israel criaram a Companhia Oleoduto Eilat Ashkelon, pela qual o petróleo iraniano fluía para o mercado europeu. Em uma joint venture, a gestão e os lucros eram divididos irmãmente. Em 1977, os dois governos assinaram o chamado Projeto Flor, por meio do qual o país de maioria xiita pretendia expandir seu sistema de mísseis com a colaboração do estado judeu. Isso ocorria em troca de petróleo.

A mudança

Mas tudo mudou em 1979. Muitos líderes muçulmanos tradicionais repudiavam a proximidade do Irã com o Ocidente. Dessa maneira, eles viam o Xá como rival do Islã por buscar a secularização do país. Isso incluía garantir o direito ao voto para mulheres. Essa tensão, agravada pelo autoritarismo do governo e pela pobreza do povo, levou à eclosão da Revolução Islâmica. A revolução derrubou Pahlavi e alçou ao poder o aiatolá Ruhollah Khomeini, que estava no exílio desde 1963 devido às críticas que fazia ao Xá.

O Irã se tornou uma república islâmica teocrática. Assim, revogou regras internas consideradas ocidentais demais. Também deu um cavalo de pau na política externa. Estados Unidos e Israel viraram os inimigos. Abraçando a causa palestina como forma de ganhar proeminência entre os países do Oriente Médio, o regime dos aiatolás, em um ato que simbolizava a mudança de postura, tomou a embaixada do estado judeu em Teerã. Eles entregaram a embaixada para a Organização para a Libertação da Palestina (OLP).

A partir de então, o Irã deixou de reconhecer a legalidade de Israel e passou a pregar seu extermínio. Eles começaram a financiar grupos acusados de terrorismo como o Hezbollah, no Líbano, e o Hamas, na Palestina.

O GLOBO

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