O governo brasileiro enviou uma carta à revista britânica “The Economist” nesta terça-feira, 1º de julho. Foi em resposta a um artigo que questionava a influência externa e a popularidade interna do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A publicação saiu no último domingo, 29 de junho.
Dessa maneira, a carta, assinada pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, defende que o presidente Lula sustenta com coerência os pilares de democracia, sustentabilidade, paz e multilateralismo (leia documento na íntegra).
A publicação da “The Economist” apontou que, sob a gestão de Lula, o Brasil tem se afastado das democracias ocidentais e dos Estados Unidos.
Conforme o artigo, o presidente brasileiro também recebe crítica por não realizar movimentos para buscar maior proximidade com o presidente americano Donald Trump. Lula é um crítico do presidente americano.
Na semana passada, por exemplo, o presidente brasileiro afirmou que Trump deveria ser “menos internet e mais chefe de Estado”.
Sendo assim, em resposta, a carta do Itamaraty detalha a atuação de Lula em foros internacionais. Afirma que, como presidente do G20, Lula teria construído um consenso entre os membros no ano passado. E, durante o processo, buscou criar uma aliança global contra a fome e a pobreza.
Mauro Vieira também mencionou uma proposta de taxação de bilionários apresentada pelo presidente.
Leia a nota na íntegra
“Em relação ao recente artigo publicado na sua página na internet em 29 de junho, gostaria de fazer as seguintes considerações.
Poucos líderes mundiais, como o Presidente Lula, podem dizer que sustentam com a mesma coerência os quatro pilares essenciais à humanidade e ao planeta: democracia, sustentabilidade, paz e multilateralismo. Como Presidente do G20, Lula construiu um difícil consenso entre os membros, no ano passado. Ao longo do processo, logrou criar uma ampla aliança global contra a fome e a pobreza. Também apresentou uma ousada proposta de taxação de bilionários que terá incomodado muitos oligarcas.
O Brasil vê o BRICS como ator incontornável na luta por um mundo multipolar, menos assimétrico e mais pacífico. Nossa presidência trabalhará para fortalecer o perfil do grupo como espaço de concertação política em favor da reforma da governança global. Além disso, como esfera de cooperação em prol do desenvolvimento e da sustentabilidade.
Solidez institucional
Sob a liderança de Lula, o Brasil tornou-se um raro exemplo de solidez institucional e de defesa da democracia. Mostrou-se um parceiro confiável que respeita as regras multilaterais de comércio. Além disso, oferece segurança a investidores. Como um país que não tem inimigos, o Brasil é também um coerente defensor do direito internacional e da resolução de disputas por meio da diplomacia. Portanto, não fazemos tratamento à la carte do direito internacional nem interpretações elásticas do direito de autodefesa. Lula é um eloquente defensor da Carta das Nações Unidas e das Convenções de Genebra.
A posição do Brasil quanto aos ataques ao Irã e, sobretudo, às instalações nucleares é coerente com esses princípios. Nossa condenação responde ao fato elementar de que essas ações constituem uma flagrante transgressão da Carta da ONU. Ferem, em particular, as normas da Agência Internacional de Energia Atômica, organização responsável por prevenir contaminação radioativa e desastres ambientais de larga escala.
Na gestão do Presidente Lula, o Brasil condenou a invasão da Ucrânia pela Rússia. Ao mesmo tempo, apontou a necessidade de abrir caminhos para uma resolução diplomática do conflito, ainda em 2023.
Lula não é popular entre os negacionistas climáticos. Em face de uma nova corrida armamentista, ele está entre os líderes que denunciam a irracionalidade de investir na destruição. Isso ocorre em detrimento da luta contra a fome e do aquecimento global.
Para humanistas de todo o mundo, incluindo políticos, líderes empresariais, acadêmicos e defensores dos direitos humanos, o respeito à autoridade moral do presidente Lula é indiscutível.”