
O zagueiro Ignácio foi um dos destaques na classificação do Fluminense para as quartas de final da Copa do Mundo de Clubes, mas o que muitos não sabem é que o defensor tem uma trajetória peculiar e de superação no Rio Grande do Norte. Nascido em Currais Novos, a 186 km de Natal, o jogador de 28 anos já sentiu o gosto amargo de uma reprovação no América-RN e, em outro momento, acabou adiando a festa de um título estadual do ABC, diante do estádio Frasqueirão lotado. Antes de se destacar no cenário nacional – e agora mundial -, Ignácio passou por Força e Luz e Assu, até deixar o RN rumo ao time sub-23 do Bahia, em 2018.
O ex-jogador Carlos Mota, ídolo do América-RN, foi quem descobriu Ignácio. Ele contou que foi à cidade de Currais Novos para participar de um jogo festivo de fim de ano, em 2014, quando teve a oportunidade de atuar ao lado do zagueiro e o convidou para treinar no Riachuelo, em Natal. No ano seguinte, ele defendeu o Santa Cruz do Inharé-RN, sendo vice-campeão do estadual sub-19.

Reprovação
Em 2016, Ignácio chegou a ser “reprovado” após um período de observação no América-RN.
– Levei ele para o América de ‘mala e cuia’, como fala o matuto. Ele passou 30 dias no centro de treinamento, mas não foi aproveitado pela comissão técnica – conta Mota.
Em seguida, já em 2017, Mota o indicou para o Força e Luz, para a disputa da segunda divisão do Campeonato Potiguar.
– Fomos campeões e subimos juntos naquele ano. Foi o primeiro título dele como profissional. Era um grupo trabalhador e merecedor do acesso – lembra o treinador Higor César.

Ignácio continuou no Força e Luz para jogar a primeira divisão em 2018. Naquele estadual, fez um gol que ficou marcado por atrapalhar a festa do possível título antecipado do ABC. O Força e Luz brigava para não cair na oportunidade, e o zagueiro marcou de cabeça para abrir o placar e silenciar o Frasqueirão lotado. Dessa maneira, o ABC, que precisava vencer para ser campeão com uma rodada de antecedência, conseguiu apenas o empate por 1 a 1 – o título viria na última rodada, contra o Assu.
Bahia de olho
O destino seguinte de Ignácio foi o Assu, onde trabalhou com o ex-jogador Júlio Terceiro e conseguiu chamar atenção do Bahia.
– Ignácio havia se destacado pelo Força e Luz no estadual e o levamos para jogar a Série D pelo Assu. Foi o primeiro Campeonato Brasileiro dele. Ele tinha 21 anos, já era forte fisicamente e bastante focado. Nosso time caiu na primeira fase, mas ele fez bons jogos e recebeu o convite para jogar no sub-23 do Bahia, à época – comentou Júlio, que era o treinador do Assu.
– Fico feliz pelo que ele está vivendo neste Mundial, orgulhando a todos no Rio Grande do Norte – completou Júlio.
No Bahia, o zagueiro foi integrado ao elenco principal posteriormente, mas demorou a se firmar. Ele chegou a jogar por empréstimo no CSA e Chapecoense, onde chamou atenção novamente, em 2021. Nesse meio tempo, no retorno ao Bahia, em 2022, foi titular durante todo o ano.

O defensor potiguar terminou a temporada 2022 como o jogador que mais vestiu a camisa do Bahia, mas não chegou a um acordo para renovação de contrato. Havia uma expectativa de melhoria salarial por parte do jogador, o que não foi correspondido pelo Tricolor à época.
Proposta do Peru
Apareceu a proposta do Sporting Cristal (Peru), a chance de jogar a Libertadores e Ignácio aceitou o desafio. Dessa maneira, o zagueiro se tornou um dos pilares do time peruano e estava sendo chamado de “La Muralla” por torcedores. Em julho de 2024, vieram a proposta e o acerto com o Fluminense. Atualmente, no Mundial de Clubes, vive o melhor momento com a camisa tricolor. Foi o melhor em campo diante do Mamelodi Sundowns (sendo o substituto de Thiago Silva), e um dos destaques na vitória histórica sobre a Inter de Milão.